Papp-a

Este marcador bioquímico é utilizado no Teste de Risco Fetal de Primeiro trimestre e no Integrado.

Gall e Halbert, 1972 , encontraram até 4 constituintes antigênicos no plasma de mulheres grávidas, que não eram detectáveis no plasma de mulheres não-grávidas ou de homens. Lin et al., 1974 , caracterizaram estes 4 antígenos protéicos, denominando-os como proteínas plasmáticas associadas à gravidez (sigla inglesa PAPP) A, B, C, D.

Estudos posteriores demonstraram que a Proteína Plasmática A Associada à Gravidez (PAPP-A) não era específica da gravidez sendo encontrada no plasma de mulheres não-grávidas e em homens, no plasma e no líquido seminal (Bersinger e Klopper, 1984; Bischof e Mégevand, 1986).

Na mulher grávida, o principal local de síntese de PAPP-A é a placenta (sinciciotrofoblasto), sendo detectada no soro materno a partir de 5 semanas pós-concepção, e seus níveis se elevam da 1ª detecção até o nascimento (Folkersen et al., 1981).

No final dos anos 90, a função de PAPP-A foi esclarecida. Trata-se de uma metaloproteinase que cliva a Proteína 4 de Ligação a Fator de Crescimento “Insulin-Like” (IGFBP-4), ocasionando uma dramática redução da afinidade da IGFBP-4 pelo Fator de Crescimento “Insulin-Like” I (IGF-I) e II (IGF-II). PAPP-A funciona como um regulador da biodisponibilidade local de Fator de Crescimento “Insulin-Like” (IGF), em vários sistemas, incluindo a placenta, os folículos ovarianos, os ossos, e em condições patológicas, na pele lesada e nas placas ateroscleróticas.

No sistema reprodutor feminino, PAPP-A está envolvida no desenvolvimento do folículo ovariano (Conover et al., 2001) e na implantação embrionária (Giudice et al., 2002). A forma circulante no soro materno é inativa como metaloproteinase, apresentando-se com um heterotetrâmero composto de duas subunidades de PAPP-A (200-250 kDa) ligadas por pontes dissulfeto a duas moléculas de pró-MBP (“eosinophil major basic protein”).

Pacientes com doenças isquêmicas agudas do coração apresentam níveis plasmáticos elevados de PAPP-A livre, que não está sob a forma de complexos com pró-MBP (Qin et al., 2005). Assim, os métodos de dosagem de PAPP-A total utilizados na gravidez não são recomendados para o diagnóstico de doenças isquêmicas agudas do coração.

Níveis significativamente reduzidos de PAPP-A no 1º trimestre têm sido associados à síndrome de Down fetal. Brambati et al. (1993) foram os primeiros a demonstrar a associação entre baixos níveis de PAPP-A, no 1º trimestre gestacional, e anomalias cromossômicas. Uma metanálise dos resultados dos trabalhos publicados mostrou que o MoM (“multiple of the median”, múltiplo da mediana) mediano de PAPP-A em 441 casos de síndrome de Down fetal foi 0,39 (MoM mediano de gestações normais é 1,0).

PAPP-A é um marcador eficaz entre 8 e 13 semanas de gestação, perdendo sua eficácia após 13 semanas. Portanto, PAPP-A é um bom marcador na triagem da síndrome de Down fetal somente no 1º trimestre, perdendo todo o seu valor no 2º trimestre.